tag:blogger.com,1999:blog-469130194921266102024-03-05T12:36:14.657-08:00Teatro e processo Criativo.Um espaço para ser alimentado com questões sobre teatro, suas aplicações pedagógicas e suas muitas formas de manifestação criativa.Alex Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/09704956202031038788noreply@blogger.comBlogger19125tag:blogger.com,1999:blog-46913019492126610.post-59691358775469802702012-07-13T16:54:00.000-07:002012-07-13T16:54:04.465-07:00Ser artista é extraordinário, ou, o dia que invadiram as ruas do Barracão.Invadir as ruas para que delas surjam os estímulos para a construção de cenas. Foi este o meu impulso quando propus ao Bololô, o workshop: O gozo de criar. O texto que vocês terão a oportunidade de ler agora, é um relato das emoções provocadas pela vivência de conhecer o ambiente que rodeia o Barracão dos Clowns, escrito pela atriz Paulinha Medeiros.<div>
<br /></div>
<div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">"Iniciamos
o trabalho com dois momentos de contemplação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">O
primeiro, feito individualmente em um horário qualquer do dia – no meu caso, no
final da tarde, em um espaço próximo ao DEART -, em que contemplamos o verde.
Eu contemplei o verde. Simplesmente contemplei o verde e, sem querer, olhei de
azul pra um galho encostado numa árvore e vi ali um lagarto se banhando de
arrebol. Latejei! Queria tanto compartilhar aquela iluminura viva à minha
frente que peguei minha máquina de parar o tempo e fiz uma fotografia. Eu
poderia ter pegado o galho para mostrar aos meus parceiros de trabalho, mas
perderia toda a encantação. Ele deixaria de ser lagarto e cessaria o seu banho
de arrebol. Preferi deixá-lo lá, levá-lo na memória, na fotografia, e ter a
possibilidade de voltar para visitá-lo sempre que eu quiser.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">O
segundo momento de contemplação foi coletivo. Alex nos convidou a sentar em um
banquinho na lateral do Barracão para olharmos o céu. Simplesmente
contemplarmos o azul escuro e luminoso daquela noite de vento bom. Contemplamos
o céu, conversamos com as estrelas e até discutimos sobre suas cores, sobre a
rotação da terra e rimos gostoso. Dentro de pouco tempo. Tempo suficiente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Quando
o despertador tocou, recebemos uma carta. Um convite a um jogo. Um jogo curioso
pra quatro adultos. Menos pra nós, que somos artistas. O jogo propunha que na
primeira etapa, caminhássemos até a porta do Barracão, esperássemos os outros
chegarem, nos olhássemos e no momento exato – que só nós saberíamos –
correríamos para a rua. Olhando o chão como quem olha um tesouro. Como quem
quer encher os bolsos, a blusa, as mãos, todos as partes do corpo de pedrinhas
preciosas para levar pra casa. E assim fizemos. Olhamos o chão de Nova
Descoberta de azul, durante 20 minutos. Quando ouvíssemos “BOLOLÔ” era o
momento de voltar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Me
senti com uns cinco anos de idade. Despudorada. Meti a mão em tudo: mato, água
de chuva, metais enferrujados, objetos próximos ao cocô de algum quadrúpede, e
eu só sentia gozo e liberdade em fazer isso. Engolindo todas as regras de
etiqueta e higiene com minha sede de criar. Logo percebi que a minha blusa era
bastante folgada e fiz dela uma “bolsa de canguru”. Por fim, encontrei umas
crianças que me ajudaram a olhar de azul e um deles até carregou um grande
pedaço de madeira pra mim. Me senti parceira daqueles meninos. Parceira de
juventude, brincadeira, saúde e afeto. Quando ouvi “BOLOLÔ” o menino e eu já
estávamos a caminho e começou a serenar. Depositei o resto do meu tesouro num
montinho que fiz no Barracão e recebi uma segunda carta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Nela,
outro convite. Dessa vez, a construir o máximo de coisas que a gente
conseguisse com todos aqueles desobjetos. Em roda, nos olhamos e começamos
juntos, mais uma vez – a carta também propunha isso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Esse
momento foi muito, muito bom. Construi coisinhas miudinhas que muito me
agradaram: uma casa a partir de pedaços de azulejos e uma placa macia cor de
rosa em formato de telhado – já o encontrei assim. Uma boneca a partir de uma garrafa,
uma conta telefônica da <a href="" name="_GoBack"></a>OI, uma quenga de coco seco e um
pouco de vegetação escura e verde. Uma gangorra a partir de uma pedra, duas
tampinhas de garrafa de refrigerante e uma casca que guardava sementes. Um
escorrego a partir de pedacinhos de azulejo, um retângulo de papelão e uma
tampinha de garrafa. Uma árvore a partir de uma garrafa de água e alguns
galhos. Um cata-vento a partir de um estranho objeto de metal com arame e uma
mini élice. Um galã a partir de um pedaço de madeira, um selim de bicicleta, um
papel de picolé e um pedacinho de lixa verde. Enfim, dei asas a imaginação, fui
menina, inventora, artista e criei como há muito não me permitia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Recebemos,
então, uma terceira carta que nos dava duas opções: jogar com todos aqueles
objetos e perceber o que poderia virar cena ou abandonar o jogo e partir para a
avaliação. É claro que jogamos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Eu
não consegui utilizar muito as coisas que criei porque eram muito pequeninas e
já constituíam uma narrativa onde estavam, no chão, organizadas, que nem o
lagarto que vi perto da árvore. Lembrei que quando era criança eu passava horas
arrumando a casinha da boneca, por exemplo, e na hora de brincar eu enjoava.
Aconteceu um pouco isso. O momento de construir supriu o meu desejo de explorar
aqueles objetos. Então, parti para o jogo com outros objetos e com os meus
amigos. Fomos crianças! Brincamos de “gato mia”, criamos figurinos, dormimos no
chão sujo, nos cortamos sem perceber, brincamos de monstro e deu um medão de
verdade, contamos histórias horripilantes de fantasmas, ouvimos e dançamos
“Quem quer pão” da Xuxa, varremos o chão com galhos, inventamos máscara de
elefante a partir da folha de uma bananeira, montamos uma centopeia gigante com
nossos corpos, fizemos de uma tampa de panela um escudo, um salto alto a partir
de uma taça quebrada, um alisador de pés a partir de um papelão em cima de um
colchão...<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Por
fim, assistimos a um vídeo de um espetáculo que tem tudo a ver com o nosso
universo de desutilidades.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Foi
um dia de trabalho muito, muito precioso. Me despertou coisas que eu nunca
imaginei que fosse vivenciar fazendo teatro e olha que isso é muito difícil."</span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: 11.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Paulinha Medeiros.</span></div>
</div>Alex Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/09704956202031038788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-46913019492126610.post-7853933140928829192012-07-05T12:14:00.001-07:002012-07-05T12:14:40.917-07:00A ilha Desconhecida, ou, Odilon.<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Em estado de
silêncio, talvez tenha sido essa a sensação exata que tomou parte do meu ser,
durante a primeira semana de trabalho do Retrato. Odilon cativou a todos com
seu jeito manso de falar, e afetuoso de agir. Mesmo estando eu, antes de sua
chegada, um pouco ansioso com o desconhecido que ele representava, tinha a
intuição de que iria encontrar um indivíduo, que a partir de suas ações, iria
expor a riqueza e a diversidade do fazer teatral produzido nas salas de ensaios
dos grupos de teatro do Brasil, e nesse caso, do próprio Luna Lunera. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
No primeiro
dia de encontro eis que fui apresentado ao modo Odilon de conduzir um processo.
Tudo começou em uma roda, formada por todos da equipe, com o objetivo puro e
simples de conversar. Gastamos seis horas trabalhando um dos princípios básicos
do teatro de nosso tempo: a comunicação pura e simples através da palavra, do
diálogo. Isso mesmo, conversamos incansavelmente sobre o universo de Manoel de
Barros, da Bololô, do Luna... Sobre cada um de nós. Sendo que uma de suas
impressões sobre a obra do Manoel de Barros chamou a minha atenção. Disse ele
“A obra do Manoel de Barros nos aproxima das coisas abandonadas e nosso desafio
é fazer o público perceber essa aproximação”. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Como
assistente de direção, fiquei encasquetado com essa provocação. A poesia do
Manoel me faz perceber beleza nos objetos desprezíveis... Mas as palavras do
Odilon potencializaram meu olhar como encenador. Este trabalho parte de um
livro que apesar de se constituir totalmente de palavras, tem nos espaços em
branco, um forte poder imagético. E é nesse lugar branco que se esconde as
possíveis cenas do nosso espetáculo. Qualquer tentativa de representação real
do que o Manoel suscita, tais como a natureza existente no Mato Grosso, pode
soar ingênuas, rasas e vazias. Ao propor um livro que tem o título de “Retrato
do Artista quando coisa”, o Manoel lança em minhas mãos um tratado da
inventividade e da curiosidade. Ele pede que eu como assistente, tente criar
diálogos com o que é desprezível na cultura ocidental. Aqui deste lado do
mundo, não nos apegamos a memória dos povos antigos, descartamos o relógio
analógico, em troca do digital... Descartamos, descartamos, descartamos...
Deletamos. E é exatamente no descarte que devemos trabalhar. Ao lê-lo, eu já
consigo visualizar um possível espaço de jogo, onde os atores possivelmente atuariam
todo formado de objetos descartados que inspirem memória coletiva! O Manoel
pede que não esqueçamos a memória dos objetos, que não esqueçamos o que de mais
sublime existe no homem: a sua capacidade de encantar-se com a beleza das
coisas. E nós artistas, somos organizadores de beleza, somos criadores de coisas. E na minha função, Odilon contribuiu dizendo:
meninos, a sensação para quem está observando tudo de fora é de empréstimo!
Empreste seu olhar a todos, aos atores, ao iluminador ao público! </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O meu primeiro
encontro com o Odilon, deixou um aprendizado para a minha jovem carreira de
encenador: é importante escutar o outro, a sua equipe, pois esta constrói ao
longo de sua trajetória artística, um leque de impressões. Odilon tinha
curiosidade em saber quais espetáculos haviam nos deixado com sensação de proximidade,
que cenas, que cores, que palavras ditas no teatro nos deixavam calados,
emocionados, acreditando que este seria um caminho possível para a nossa
própria criação. Ele tinha curiosidade
em saber quem éramos nós, não para imprimir um discurso autoritário de
trabalho, mas para fazer com que nós encontrássemos as rotas possíveis para a
jornada que se iniciara. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O mais curioso
desse meu encontro com ele, foi perceber que o desconhecido que ele
representava no início, caiu por terra, pois sete dias de trabalho depois
“Odilonzim”, como carinhosamente o chamávamos, revelou-se um jovem ávido por novas
experiências, assim como os jovens atores da Bololô, assim como eu sou. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Como diria o
Saramago: “quero encontrar a ilha desconhecida, quero saber quem sou eu, quando
nela estiver” e agora que estou na ilha do Odilon, que também pode se chamar
Luna Lunera, e sabendo que os princípios que a regem (comprometimento com a
pesquisa, valorização do diálogo, criação compartilhada e afeto na diferença)
também estão presentes na Ilha que eu habito: a ilha Bololô. </div>Alex Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/09704956202031038788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-46913019492126610.post-29695992060228517442011-05-28T08:24:00.000-07:002011-05-28T09:07:59.510-07:00O Ator na aula de teatro.Lá estava ele: roteiro do espetáculo na cabeça, corpo aquecido, prestes a abrir os olhos e fazer sentir na pele o calor que emana do público. Pronto para estrear mais um novo trabalho. O lugar da encenação estava lotado, todas as vagas oferecidas estavam preenchidas. Muito entusiasmado, o ator, em um lapso de insensatez e prazer, lança-se em mergulho profundo buscando o contato com um território até então desconhecido: aulas de teatro para crianças entre dez e doze anos. <br />
A maquiagem na verdade é um roteiro de aula. O corpo aquecido é provocado pelo sol de meio dia e pela exaustiva e longa caminhada percorrida do ponto de ônibus até a escola. O espaço da encenação é na verdade o pátio da escola, que está vivo, com a presença de muitas crianças pulsantes! Pulsam com a força e a algazarra de uma charanga carnavalesca. As pernas do ator passam a bambear e o coração a bater na cadência dos saltos das crianças, que libertas, brincam no pátio, que para elas representa o lugar de serem livres. A sala de aula de teatro é o lugar de exercitar a liberdade criativa, de potencializar na criança o censo de seriedade com fundo de brincadeira e reforçar no seu fazer, o encanto de transformar um cabo de vassoura em espada, um lençol em castelo medieval e uma carteira em um dragão de sete cabeças. <br />
O ator então, movido pela dinâmica das crianças no pátio, redescobriu o seu fazer como professor e como artista. Resolveu então, abandonar o roteiro preliminar da aula e instaurou-se na brincadeira de ser outras pessoas e de estar em outros lugares. Com isso embarcou naquele pátio, junto com seus alunos (que não tem nada de seres sem luz, como sugestiona a palavra derivada do grego) para uma viagem com destino a uma floresta fria, cheia de soldados prontos para atacar na guerra, e que, como num passe de mágica, transportam-se para a barriga de uma baleia como um monte de soldadinhos de chumbo ávidos por suas enamoradas. E juntos eles rasgaram a barriga da baleia com um grande e fedorento “peido azul” que fez todos desmaiarem!<br />
Em meio a jogos tradicionais e vôos sobre o imaginário coletivo sem fronteiras da criança a aula teve seu fim e com ela os desafios de um educador de teatro para a infância. Como organizar uma cena que não purgue o encanto da criança? Como não transformar a beleza de corpos ativos pelo jogo dramático em robozinhos estáticos que marcam o espaço com falas programadas e roupinhas coloridas? Como esclarecer para a criança, que tem entre 10 e 11 anos, a diferença entre brincar de ser personagem, de criar textos, de transformar e instaurar espaços atuação? Creio que com o decorrer do processo muitas respostas surgirão. A primeira veio como a mais valiosa das descobertas: um professor de teatro para crianças tem de deixar de lado as receitas prontas, os vícios, tem de serem capazes de resignificar momentos lúdicos suscitando os elementos que compõem o teatro: corpo, espaço e ação... Tem de estar aberto a revolucionária forma de enxergar o mundo que a criança tem. Estar atento ao contexto que esses pequenos indivíduos estão inseridos e acima de tudo, não devem ter medo de arriscar sem pudor! O universo da criança contemporânea é recheado de encanto e também de violência. <br />
<br />
Este Ator-Educador que vos escreve, está atuando em um projeto com crianças da Escola Municipal Professor Homero de Oliveira Dantas no município de Parnamirim/RN, matriculadas no 5º ano do ensino formal. Moradores de uma periferia distante do centro e das elites capitais natalenses. Crianças que convivem com um formato de sociedade que não está ainda emoldurado em um falso escudo segurança. Elas estão brincando nas ruas, descobrindo novas experiências, se arriscando, entendendo (ao modo delas) que para ser gente crescida nesta sociedade é preciso ter coragem de subir na árvore para chupar manga, de ficar descalço para sujar o pé, de arranhar o joelho de uma queda, de brigar na rua, de se apaixonar pela menina ou menino mais belo da escola e assim guardar no corpo cicatrizes, que quando adulta, a fará ter memórias físicas e afetivas, leves ou pesadas. Por isso caríssimos colegas de teatro. Não devemos esquecer que somos fruto de nossas memórias e é com elas que faremos a diferença em nosso fazer artístico e educativo.<br />
<div class="MsoNormal"><br />
</div>Alex Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/09704956202031038788noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-46913019492126610.post-85744153976433602752011-04-29T15:42:00.000-07:002011-04-29T15:42:34.059-07:00"Salta na roda" ou um caminho criativo.Estava ali parado diante da calçada observando o vai e vem das pessoas no centro da cidade. O dia estava lindo e o sol muito quente. Minha cabeça explodindo de dor e meus olhos tentantando filtrar aquela algazarra de sons e cores. Em meio a esse turbilhão estava eu pensando nos mecanismos que possibilitam a criação de significados para a arte de ser ator, de ser artista. Alguns apontam a disciplina como primeiro pilar para o desenvolvimento de qualquer trabalho. Diria eu, que ser disciplinado é o primeiro passo, porém ter a cabeça voltada para o inusitado é o outro. Explico melhor. Estava eu lá na calçada e de repente surge um grito "Olha eu passando". Era um artista de rua, um mixto de acrobata e contorcionista. Com um pé na cabeça, ele chamou a atenção de todos para começar seu show. Sacou de sua mala um aro de bicicleta sem pneu, com pregos no lugar dos raios, na tentativa de impressionar a todos pois iria executar seu número mais perigoso. O "Salto na Roda". Com um furor e uma forte presença de espirito, ele conquistou a todos, ao ponto de usar os passantes em seus números, para criar efeitos sonoros. O encanto estava presente no corpo do artista e dos que o assitiam... um texto entre eles circulava. Um entendimento que não precisava de palavras ou explicações, todos se divertiam e participavam ativiamente daquela innusitada intervenção. E o que este acontecimento tem haver com meu ofício? O segredo está no risco. Aquela pessoa que não sei o nome, propos-se estar em instante de comunhão com o espaço, o tempo e as ações. Ele ignorou todos os protocolos ao romper o cotidiano da cidade, levando os que o assistiam a perceber, ou simplismente vivenciar um outro estado de presença particular. Poucos minutos depois, minha dor de cabeça havia passado, não por cura divina, mas por um deslocar-se ativo de minhas sensações. Aquele momento, com aquele artista sem nome, me deixou cheio de certezas sobre o meu fazer: não negar o que o instante pode nos reservar no ato da apresentação, no tempo presente que não esconde nada: suor, ansiedade, medo, sorriso... Ser artista é estar entre o risco de opinar, de fazer e de viver diferente.Alex Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/09704956202031038788noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-46913019492126610.post-56361573343913577932010-09-16T15:19:00.000-07:002010-09-16T15:19:43.375-07:00<span class="entry-content">"Não conseguireis desgostar-me da guerra. Diz-se que ela destrói os fracos, mas a paz faz o mesmo."</span><br />
<br />
<span class="entry-content">Bertolth Brecht.</span>Alex Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/09704956202031038788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-46913019492126610.post-50789313320882677792010-09-11T09:28:00.000-07:002010-09-11T09:41:36.689-07:00Terra das ausências ou Cultura Potiguar em debate.No último dia oito de setembro, fui testemunha de um fato que marcou positivamente a atuação dos que fazem a nova classe pensante da cidade do sol.<br />
Acontece que, em iniciativa audaciosa, uma galera antenada com as questões de seu tempo resolveu dar voz às suas inquietações.<br />
Faço, deste modo, uma alusão direta ao NJA e a Revista Catorze: dois espaços criados de forma independente com o intuito de divulgar e pensar a nossa tão diversificada cultura.<br />
E foi nessa levada independente com o apoio da classe local, que eles propuseram e executaram o debate.<br />
E foi um espetáculo de momento... Nele, todos os presentes puderam atestar a metáfora perfeita referente às políticas públicas voltadas à cultura do estado: uma cadeira vazia. Lugar destinada ao candidato Iberê Ferreirra, representante da frente política, que governou nosso estado nos últimos anos. Aliás, vazio é a expressão perfeita para desenhar melhor o papel do estado durante esse período.<br />
Engraçado que a palavra vazio revela um evidente contraste se obsersada por outro anglo: os dos artistas e escritores que produzem, e muito, nos limites fronteiríssos do elefante!<br />
As propostas apresentadas pelos condidatos presentes no debate não trouxeram nada que surpreendesse. Uma vez que o candidato que assumir o poder será obrigado pelo Governo Federal a legalizar uma Secretaria de Cultura com orçamento vindo das receitas arrecadas pelo ICMS.<br />
Não entenderam nada? Basta então, dar uma lida na PEC 150 (http://culturadigital.br/iicncrj/2009/09/25/aprovada-pec-150-vitoria-da-cultura-no-congresso/) que entre outras obrigações, destina aos estados da federação a regularização de Secretarias de Cultura com orçamentos advindos da receita resgatada com o ICMS do estado, município e da própria união.<br />
De positivo mesmo, o que fica deste debate é o passo - mais que largo - dado por essa galera do NJA e da Catorze.<br />
<br />
Fica a dica: <br />
<br />
NJA (Reunem-se quizenalmente na Casa da Ribeira sempre aos sábados) www.nucleojovensartistas.blogspot.com<br />
<br />
Revista Catorze (Encontre-os nos ambientes que ferve cultura)<br />
www.revistacatorze.com.brAlex Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/09704956202031038788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-46913019492126610.post-47134130368339536722010-09-11T07:09:00.000-07:002010-09-11T07:09:59.839-07:00Carta aos que fazem teatro (02)O teatro é para poucos...<br />
Que o compreendem como um complexo sistema capaz de revelar, com uma lente potente (a poética da cena) as distorções subjetivas e socias existentes ao nosso redor.<br />
Quer seja com o mais ingênuo dos comediantes - por mais cruel queo gênero possa ser - quer pelo quebra cabeça que é a cena de nosso tempo proposta pelo que chamo de aglutinador de conflitos e temas: o encenador.<br />
<div style="text-align: justify;">O teatro é para poucos... pois não basta representá-lo como simples espelho da realidade ou ferramenta do entretenimento mercadológico. </div>Alex Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/09704956202031038788noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-46913019492126610.post-89086360644119738982010-09-11T06:56:00.000-07:002010-09-11T06:56:47.714-07:00Carta aos que fazem teatro (1)<div style="text-align: justify;">O teatro é para poucos... que ao despertar o olhar reconhecem o seu redor como fonte principal para a criação artística! </div><div style="text-align: justify;">O teatro é feito por pessoas que dialogam com o tempo que vivem, desse modo, não sejamos ingênuos ao tentar representar realidades miméticas. Afloremos a inteligência alheia, questionando a gigante massa formada por pessoas cuja natureza não está ligada a busca, a curiosidade e ao encantamento. </div><div style="text-align: justify;">Fazer teatro para despertar sensações e quebrar couraças que limitam o homem e o transformam em objeto, em cadeiras. Isso mesmo, pessoas cadeiras reduzidas a mero utensílio de organização de um lugar... deste espaço que a todos é apresentado como e real. Quebrar couraças com a arte em busca de um ser pleno com o outro. Afinal, teatro é a arte da urgência. E a urgência de nosso tempo está no desejo de promover o despertar de humanidade que existe em cada ser.</div>Alex Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/09704956202031038788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-46913019492126610.post-89566798457931097352010-08-16T12:28:00.000-07:002010-08-18T12:13:08.192-07:00Interiorizando em Jardim do Seridó.<div style="text-align: left;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0dyMIW8mfz4ngY7GMf4T1cQ8Tkog1ftKhAW93ARazYzrCMURV3inh1UpRIw-r2uIvBj3DBi44gS173f80F7sclvqM1b5wRY97_o_d86ra7mWRliwCFlJzSrSmVCdl6_EJSy1V_1DrXg/s1600/jardim1.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" ox="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0dyMIW8mfz4ngY7GMf4T1cQ8Tkog1ftKhAW93ARazYzrCMURV3inh1UpRIw-r2uIvBj3DBi44gS173f80F7sclvqM1b5wRY97_o_d86ra7mWRliwCFlJzSrSmVCdl6_EJSy1V_1DrXg/s320/jardim1.JPG" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div>O teatro, por ser uma manifestação genuinamente humana, é caracterizado como a arte do encontro. Ao ser convidado para integrar uma equipe que partiria ao interior com o intuito de promover uma semana de iniciação à prática em teatro, fui surpreendido; lá, no sertão, estaria um encontro que modificou meu jeito de lidar com as pessoas e a cultura do lugar. Primeiro pelo potencial poético que a cidade apresenta já a partir de seu nome: Jardim do Seridó. </div><div style="text-align: left;"></div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;">Ao fitar o olhar sobre esse jardim encontrei muito mais que flores, rosas ou qualquer coisa que no ambiente pode habitar. Deparei-me sim, com um incrível grupo de seres humanos sedentos por novos conhecimentos e aptos a lidar com o desafio de ser gente capaz de olhar no olho do outro sem negar a verdade que os homens de hoje tanto buscam. Percebi que o que este jovem grupo promove em sua cidade é uma verdadeira revolução, porém a bandeira que se levanta não é política, mas sim artística e, logo, humanizadora. São revolucionários artistas do saber solidário e do convívio capazes de se lançarem no encantado universo do circo sem medo; cuspindo fogo para aquecer o coração, equilibrando-se entre os saberes da escola e de suas casas e despertando todos aqueles que se deixam descobrir seres sorridentes como na simplicidade do palhaço.</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;">Durante nossa semana de teatro trocamos princípios ligados a fraternidade e o respeito. Afinal o que seria do mundo sem as pessoas que são capazes de oferecer um gesto de carinho e atenção? Fui a esse jardim na perspectiva de transformá-lo, mas como todo ser que não nega a surpresa me deixei levar por esses jovens em uma aventura recheada de vida e vontade de serem ou tornarem-se pessoas melhores no interior desse lindo Jardim do Seridó.</div><div style="text-align: left;"><br />
Tudo foi possível graças ao Financiamento da Prefeitura Municipal de Jardim do Seridó em uma ação da SETAS (Secretaria do Trabalho e Assistencia Social) desse municipio.</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div>Alex Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/09704956202031038788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-46913019492126610.post-985523429179739642010-07-16T08:25:00.000-07:002010-07-16T08:25:38.704-07:00Performance e Teatro: poéticas e políticas da cena contemporânea, por Eleonora fabião.“Depois de anos fazendo teatro, em que uma parte do trabalho consistia em ensaiar e fixar coisas—fazer a mesma peça funcionar da mesma maneira repetidas vezes—nós resolvemos fazer algo diferente, algo mais extremado. As peças longas foram um passo nessa direção: trabalhos entre seis e vinte e quatro horas de duração nos quais os atores improvisam dentro de um sistema pré-definido de regras. […] Considere cada peça como uma tarefa ou um jogo […] e considere que cada jogo tem regras, estratégias, movimentos conhecidos e também limites.” <br />
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Link com texto completo disponível para baixar em:<br />
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<a href="http://www.proximoato.files.wordpress.com/2009/08/performance_e_teatro_fabiao1.pdf">www.proximoato.files.wordpress.com/2009/08/performance_e_teatro_fabiao1.pdf</a>Alex Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/09704956202031038788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-46913019492126610.post-53684520712865188982010-07-15T15:33:00.000-07:002010-07-15T15:33:04.365-07:00Ação teatral: política, arte e vida.Entender o ato de agir como poesia é reconhecer a força motriz que amplia este verbo simbolicamente na vida do ator. Ao escolher o teatro como profissão o indivíduo abre suas fortalezas e fraquezas. <br />
A ação é princípio de mobilidade e desejo para encontrar respostas que esclareçam as potencialidades sensíveis, artísticas e políticas do indivíduo. A ação elucida o papel que um artista comprometido tem junto com a sociedade e consigo mesmo. Um artista de teatro não chegará a lugar algum sem arriscar-se no universo amplo da ação. <br />
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Fui formado dentro dos princípios de colaboração e solidariedade. Essa característica coletiva tem balizado minhas escolhas como artista e dado caminho aos valores que defendo. Sou a favor do sistema dialógico. Acredito que o indivíduo que é capaz de abrir-se para si e para o outro pode tornar a busca por respostas subjetivas e concretas de sua arte, menos dolorosas. Vivo um processo de redescoberta. Vivo um processo de maturação do ator criador em processos colaborativos. Vivo na pele a ação primal do teatro. Estou em processo de ação!Alex Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/09704956202031038788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-46913019492126610.post-16231229353870658052010-07-13T15:21:00.000-07:002010-07-13T15:21:33.415-07:00Um coletivo feito por muitas cabeças ou O capitão e a sereia...Neste último final de semana tive a oportunidade de presenciar o espetáculo do Grupo Clonws de Shakespeare (clonws.com.br). Uma deliciosa aventura de uma Trupe de bricantes que entre tantas histórias expõe a ansiedade de receber o seu Capitão, o seu lider. O espetáculo é uma metáfora para os aglomerados teatrais. Uma provocante indagação para nós que aumejamos desenvolver pesquisas continuadas em teatro. Fazer arte é acima de tudo posicionar-se criticamente. E o Grupo Clowns assume seu ideal de coletividade afinal o Capitão e a Sereia nos presenteia com humor, música e criatividade um olhar sobre o doloroso cotidiano de ser "teatro de grupo"Alex Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/09704956202031038788noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-46913019492126610.post-14525345614820647102010-07-13T14:42:00.000-07:002010-07-13T14:44:19.869-07:00Fórum de Performance.O Grupo Facetas promove o Fórum permanente de Performance.<br />Mais informações no site do grupo:<br /><a href="http://www.facetasmutretas.blogspot.com/">www.facetasmutretas.blogspot.com</a>Alex Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/09704956202031038788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-46913019492126610.post-21674567043500120202010-04-06T11:02:00.000-07:002010-04-06T11:07:14.833-07:00Sonhos bizarros voltam a tona...<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXTX54rLKbrUguMHqAC0GSX7zjgJ2-MPFp2WdruQs6mxL4U7dPQzKAUL3_jw2F2WGWyToqbwSSlnIe4FPLO8aah-AIzF-kTZajkeO_sjj2HxUmVrVC1SN58WqAPIFPraiGraPjYJpqWg/s1600/stevennet2010%5B1%5D.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5457087411717613058" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 267px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXTX54rLKbrUguMHqAC0GSX7zjgJ2-MPFp2WdruQs6mxL4U7dPQzKAUL3_jw2F2WGWyToqbwSSlnIe4FPLO8aah-AIzF-kTZajkeO_sjj2HxUmVrVC1SN58WqAPIFPraiGraPjYJpqWg/s400/stevennet2010%5B1%5D.jpg" border="0" /></a>Alex Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/09704956202031038788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-46913019492126610.post-17258757186923303092010-01-28T11:53:00.000-08:002010-01-28T12:05:24.162-08:00Facetas a todo vaporO ano começa e o grupo da continuidade a seus trabalhos.<br />Estamos fechando a nossa agenda que conta com uma temporada do Bizarro Sonho de Steven em abril, uma ida ao TEIA (Encontro Nacional de pontos de cultura) em Fortaleza e o novo processo de montagem do grupo "O voô do Cavalo do cão" que é inspirado no texto do dramaturgo potiguar Racine Santos.<br />Estamos dando cara nova a nossa sede o TECESOL para efetivar nossas ações. <br />Agora é esperar para conferir as atrações que virão por ai.Alex Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/09704956202031038788noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-46913019492126610.post-89968796788925976962010-01-28T11:42:00.000-08:002010-01-28T11:45:13.824-08:00Clipe do espetáculo O Bizarro Sonho de Steven<object height="344" width="425"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/eCR9HgKTOcs&hl=pt_BR&fs=1&"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/eCR9HgKTOcs&hl=pt_BR&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object>Alex Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/09704956202031038788noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-46913019492126610.post-9480258563995201092009-11-24T05:25:00.000-08:002009-11-24T05:26:51.448-08:00Ensolarada Capital do desrespeito.Como lidar com a individualidade dentro de contextos coletivos? Nossa parece mais um trava língua. E é para ser mesmo, pois muitos andam de língua travada com os acontecimentos recentes ligados aos grupos de teatro da ensolarada capital potiguar. Grupos como o La Trupe, Tropa Trupe, Clowns, Atores à Deriva e claro Facetas, do qual faço parte. Destaco estes por ambos terem características parecidas: desejo de um trabalho artístico continuado pautado em princípios coletivos que seja subsidiado por políticas públicas. <br />Pois bem, estes citados têm resistido cada um sua maneira a selvageria que é sobreviver de teatro. O ano está se acabando e a pouco o que se comemorar se pensarmos em ações consistentes para a garantia de trabalho digno na nossa capital. Se não fosse os editais federais e privados alguns desses grupos estariam fadados a míngua de suas bilheterias e projetos alternativos.<br />O que tudo isso tem a ver com a tal coletividade? Muito. Se utilizarmos a soma de valores políticos e ideológicos de cada grupo detém, aliado a construção de ações mais ousadas, como manifestos e cartas abertas a imprensa poderemos enfim tornar realidade o desejo coletivo de produzir arte dignamente na capital ensolarada.Alex Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/09704956202031038788noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-46913019492126610.post-59684953043242666152009-11-23T18:30:00.000-08:002009-11-23T18:35:37.162-08:00Líquido EspelhoCerta manhã ao acordar, havia em mim um ser que até então não conhecera. Em minha nova concepção enxerguei muitas formas, tentei desesperadamente entender o movimento de cores formado em meu pensamento. Sensações indecifráveis... Inútil! Um frio se instaurou. Abri meus olhos e percebi que algo estava diferente, o teto não era mais o mesmo, as paredes sumiram. Escutei um barulho ensurdecedor. Olhei para o lado e vi um lance de pedras vindo em minha direção. Apesar do medo, fiquei estático... No mundo das pedras, atraente é estar imóvel! Elas passaram violentamente do meu lado, fechei os olhos para me defender. O ruído forte das pedras rolando me angustiava. Vã defesa. O frio aumentou. Até que minha inércia se consolida e um silêncio repentino atestou: naquela manhã de chuva, tornei-me pedra! Tornei-me um ser diferente na paisagem. <br />A chuva aumentava de volume e eu a recebia sem a absorver. Á água apenas escorria sobre minha superfície. O chão encharcado intensificava meu frio. Engraçado ser uma pedra que sente. Mesmo assim algo me cercava, era diferente da chuva, ela não passava por mim apenas. Era outro ser. Um ser rasteiro. Era frio como eu. Descobri que em meio à chuva um musgo verde que se alimenta de frio estava a lentamente me cobrindo. Suas raízes eram delicadas. No momento, me era confortável ser imóvel, não solitário. Em meio à chuva senti-me seduzido, arrebatado. Tentei encontrar subterfúgios para negar o que estava sentindo... Seres imóveis precisam de mentiras momentâneas! A chuva aumenta e meu desejo de negar o musgo também. Decido olhar incessantemente para o teto, vã tentativa, não é mais um teto, é um céu escuro de chuva. Passei a perceber que cada gota antes de cair sobre mim, se tornava meu espelho. Encantou-me a ideia de ter muitos espelhos. Os encantamentos podem ser perigosos. Para meu sofrer, me enxerguei em pedaços verdes. Eram fragmentos do que estava sentindo. Desejei chorar. Descobri, após aquela manhã, que pedras sentem dor, porém, não exteriorizam. Lágrimas não escorrem de pedras. A chuva passou e com ela todo o encantamento de um dia ter me enxergado de um modo diferente... Quebrado.Alex Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/09704956202031038788noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-46913019492126610.post-8296885544981775112009-11-23T06:53:00.000-08:002009-11-23T06:56:55.505-08:00Sacolejada TeatralPor Chico Guedes<div align="justify"> </div><div align="justify">No encerramento da temporada d’O Bizarro Sonho de Steven este sábado à noite no Galpão 29, na Rua Chile, o Grupo de Teatro Facetas, Mutretas e Outras Histórias provou mais uma vez que faz o teatro mais inteligente, instigante e provocador de Natal no momento.</div><div align="justify"><br />A peça dessa espertíssima moçada do Conjunto Pirangi foi montada com a verba do prêmio Myriam Muniz − uma história que envolve MinC-FUNARTE e Petrobrás − e desde a estréia um mês atrás no espaço que eles ocupam no na Coeduc, em Neópolis, já se apresentou também na Associação Cultural do Bom Pastor, no Centro de Formação e Pesquisa Teatral, no Tirol, e na Escola de Teatro Carlos Nereu, na Zona Norte.</div><div align="justify"><br />O Bizarro Sonho de Steven é o primeiro fruto maduro do Facetas e Mutretas desde que Enio Cavalcanti, Rodrigo Bico, Alex Cordeiro e a professora Monique Oliveira decidiram em 2006 transformar em companhia profissional um grupo de teatro nascido numa escola estadual de Neópolis em 1999.</div><div align="justify"><br />Trabalhando a partir de um texto de Eduardo Vinicius, formado em Letras pela UFRN, o Facetas criou um espetáculo que explode as expectativas de platéias formadas na experiência convencional de teatro. Não há cadeiras e o público é levado a se mover de acordo com os acontecimentos. O uso surpreendente da luz, som e câmeras de TV ajuda a criar o ambiente onde os personagens borram de maneira às vezes cômica e quase sempre perturbadora a linha entre a violência pop dos cartoons e dos filmes juvenis de porrada e a crueldade real a que são submetidos os mais fracos, os “perdedores” do darwinismo social que impera no mundo.</div><div align="justify"><br />Pros que conhecem teatro de vanguarda no Brasil e pelo mundo afora muitas referências serão reconhecíveis. Em comum com outras experiências parecidas há o claro intuito de sacolejar estética e moralmente a nossa passividade e/ou cinismo de espectadores.</div><div align="justify"><br /><div style="text-align: justify;">Uma observação: pela natureza e exigências espaciais da peça, seu impacto depende da relação entre o espaço e o número de pessoas. Nesse sentido as apresentações no Coeduc, no Bom Pastor e no Galpão 29 ontem à noite foram ideais, enquanto o segundo dia no CFPT, no Tirol, por exemplo, o público excessivo teve a visão e o acompanhamento do espetáculo muito prejudicados. Torço para que a peça volte ao cartaz, e sempre em espaços adequados.</div></div><div align="justify"><span style="font-size:100%;"><br />E é bom ficar de olho nessa moçada!</span></div>Alex Cordeirohttp://www.blogger.com/profile/09704956202031038788noreply@blogger.com1