No encerramento da temporada d’O Bizarro Sonho de Steven este sábado à noite no Galpão 29, na Rua Chile, o Grupo de Teatro Facetas, Mutretas e Outras Histórias provou mais uma vez que faz o teatro mais inteligente, instigante e provocador de Natal no momento.
A peça dessa espertíssima moçada do Conjunto Pirangi foi montada com a verba do prêmio Myriam Muniz − uma história que envolve MinC-FUNARTE e Petrobrás − e desde a estréia um mês atrás no espaço que eles ocupam no na Coeduc, em Neópolis, já se apresentou também na Associação Cultural do Bom Pastor, no Centro de Formação e Pesquisa Teatral, no Tirol, e na Escola de Teatro Carlos Nereu, na Zona Norte.
O Bizarro Sonho de Steven é o primeiro fruto maduro do Facetas e Mutretas desde que Enio Cavalcanti, Rodrigo Bico, Alex Cordeiro e a professora Monique Oliveira decidiram em 2006 transformar em companhia profissional um grupo de teatro nascido numa escola estadual de Neópolis em 1999.
Trabalhando a partir de um texto de Eduardo Vinicius, formado em Letras pela UFRN, o Facetas criou um espetáculo que explode as expectativas de platéias formadas na experiência convencional de teatro. Não há cadeiras e o público é levado a se mover de acordo com os acontecimentos. O uso surpreendente da luz, som e câmeras de TV ajuda a criar o ambiente onde os personagens borram de maneira às vezes cômica e quase sempre perturbadora a linha entre a violência pop dos cartoons e dos filmes juvenis de porrada e a crueldade real a que são submetidos os mais fracos, os “perdedores” do darwinismo social que impera no mundo.
Pros que conhecem teatro de vanguarda no Brasil e pelo mundo afora muitas referências serão reconhecíveis. Em comum com outras experiências parecidas há o claro intuito de sacolejar estética e moralmente a nossa passividade e/ou cinismo de espectadores.
Uma observação: pela natureza e exigências espaciais da peça, seu impacto depende da relação entre o espaço e o número de pessoas. Nesse sentido as apresentações no Coeduc, no Bom Pastor e no Galpão 29 ontem à noite foram ideais, enquanto o segundo dia no CFPT, no Tirol, por exemplo, o público excessivo teve a visão e o acompanhamento do espetáculo muito prejudicados. Torço para que a peça volte ao cartaz, e sempre em espaços adequados.
E é bom ficar de olho nessa moçada!
Eu tô de olho nessa moçada!
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